sábado, 9 de janeiro de 2010

Expedição Revelião: Trilha Capão - Andaraí

A Chapada Diamantina é sempre um ótimo destino! Não somente pela beleza natural do local, mas, principalmente, pelas amizades que eu sempre faço lá!
A seguir o relato da primeira grande trilha da Expedição Revelião.

Eu já tinha vontade de fazer a trilha Vale do Capão - Andaraí, mas não havia dado certo até então. Olhando a comunidade do Vale do Capão no orkut, vi um tópico relacionado ao reveillon na vila e então me animei para ir. Tive que desistir de alguns roteiros, mas podem ter certeza que valeu - e muito - a pena!
Na comunidade montamos o grupo (ainda sem nome) para realizar a trilha do Vale do Paty no inicio de janeiro de 2010. Inicialmente, o grupo foi formado por mim, Cléber, Deinha e Mari.
Cheguei ao Vale do Capão no dia 30 de dezembro pela tarde e logo encontrei o pessoal que ja estava a mais tempo do que eu. No meio dessa galera havia um monte de gente que eu realmente gostaria de citar um por um e agradecer pela companhia nos 4 dias no Vale do Capão, mas vou me conter somente à trilha no Vale do Paty da Expedição Revelião neste post.

O nome "Revelião" foi inspirado numa placa que estava no caminho para a trilha da Cachoeira da Fumaça, que dizia: "Aluga-se casa para Revelião!". O nome da nossa expedição não poderia ter sido outro! \o/

Pessoal reunido no camping antes da saída!

Vamos à trilha!


1º dia de Trilha:
O plano era sairmos as 6 da manhã do camping do Seu Dai em direção a vila do Bomba para começarmos a subida que dá acesso aos Gerais do Vieira, mas na noite anterior passamos bastante tempo nos despedindo de muita gente boa que formou o nosso "Grupo Expedição Revelião" durante os 4 dias no Capão e fomos dormir depois das 2 ma matina.
Nos atrasamos ao levantar, mas isso foi essencial para que o nosso 5º integrante da trilha chegasse à nossa expedição. Lucas, o nosso 5º integrante, estava no camping do Seu Dai há 2 dias e estava tentando ver algum grupo para realizar a trilha do Vale do Paty. Um dos dois grupos que sairiam naquele momento não o aceitou alegando que estavam com pessoas demais e como a Expedição Revelião não tem frescuras, em questão de minutos Lucas ja estava tomando café conosco e se preparando para cair na trlha com a gente!
Nilson, um cara muito gente fina amigo de Mari nos levou o mais próximo que pode do Bomba no seu carro e de lá partimos para a trilha.
Passamos pelo bomba e começamos a subir, mas infelizmente a pesada mochila de 90 litros era demais para nossa amiga Deinha que não passa dos 1,55m e ela começou a apresentar bastante dificuldade para vencer o desafio da primeira e difícil subida. Foi quando vi o primeiro ato de bondade do nosso 5º integrante, Lucas, que se propôs a levar grande parte do peso da mochila da Deinha que, mesmo ainda apresentando dificuldades após a divisão de peso, não desistiu e conseguiu vencer a primeira e cansativa subida do dia.
Vencida a primeira subida, estávamos chegando nos belos Gerais do Vieira, de onde, inicialmente, podemos ter uma vista muito boa do Vale do Capão antes de seguir adiante.
A partir daí temos uma caminhada relativamente fácil, formada principalmente por planicies e um visual muito lindo onde, ao fundo, vemos o imponente Morro Branco do Paty.

Morro Branco do Paty

Paramos para almoçar no segundo rio que atravessamos, pois ja passava das 13h. Enquanto almoçávamos, o grupo que havia rejeitado o nosso amigo Lucas passou por nós, dizendo que iam acampar no Rancho, um ponto de apoio bem legal, mas que não tinhamos marcado no nosso mapa, daí após o almoço, andamos mais um pouco e decidimos acampar antes de um rio onde poderíamos tomar banho e preparar a janta. Eu e Lucas saímos para procurar a escondida subida do Quebra Bunda, mas retornamos após muito esforço e nenhum resultado. Ao chegar no acampamento, ouvimos algumas vozes e Mari descobriu onde ficava o Rancho, daí pegamos informações com o pessoal sobre a subida do Quebra Bunda e aproveitamos para tomar banho lá onde havia um poço gelado mas que nos proporcionou um banho muito bom!
Voltamos para o acampamento, apreciamos a gostosa janta preparada pela cozinheira de mão cheia, Deinha, e servido com o amor da mamãe Mari (se ela ler isso, com certeza vai me xingar! hahahaha). xD Também não podemos esquecer da bela fogueira que Cleber montou em apenas alguns minutos!
Dormimos, satisfeitos, para no outro dia enfrentar a tão falada subida do Quebra Bunda.

Primeiro acampamento

2º dia de Trilha:
Acordamos cedo, mas infelizmente a chuva não nos dava trégua para desfazer acampamento e seguir em direção à tão falada subida do Quebra Bunda.
Por volta das 8 da manhã a chuva começa a dar trégua e começamos a arrumar tudo para iniciarmos o nosso primeiro dia de trilha.
Como ja tínhamos as informações sobre onde ficava a trilha para o Quebra Bunda, não foi difícil achar a subida que não se mostrou tão difícil como todos comentavam. O Quebra Bunda é uma subida formada basicamente por pedras sobrepostas onde, na maioria do tempo, subimos uma pequena drenagem mas nada que atrapalhe a subida, pelo contrário, temos água disponível durante toda a subida.
Em cerca de 40 minutos já tínhamos superado toda a subida do Quebra Bunda e começamos a seguir uma trilha bem parecida com os gerais do vieira. Logo no inicio da trilha, encontramos uma bifurcação e acabamos fazendo a escolha errada: pegamos a trilha da direita (que vai em direção à vila do Guiné) ao invés da trilha da esquerda que iria para a Ruinha que era onde pretendíamos acampar no final do segundo dia.
Depois de algumas horas percorrendo a trilha errada percebemos que estavamos indo na direção errada, pois avistamos o grupo que dormiu no Rancho seguindo para a Ruinha numa direção completamente diferente. Ainda assim decidimos ver onde a trilha ia dar e depois tentar fazer um desvio para a direção certa, mas não foi isso o que aconteceu.
Estávamos perdidos! Paramos num rio para almoçar, descansar e colocar algumas coisas para secar, enquanto Lucas e Cléber iriam seguir desequipados para procurar uma trilha que nos levasse a algum lugar. Depois de alguns minutos eles retornaram e trouxeram a notícia de que encontraram uma trilha e estavam achando que daria em algum lugar. Após o almoço, seguimos a trilha encontrada por eles.
No meio dessa trilha conseguimos duas referências conhecidas, marcamos a nossa localização aproximada no mapa e vimos que passamos todo o dia andando literalmente de lado, daí percebemos o quanto estava errada a escolha que fizemos na bifurcação encontrada logo após a subida do Quebra-Bunda. Estávamos ainda mais perdidos!
Pensamos em voltar, em perder todo o percurso que fizemos durante o segundo dia de trilha, mas quando Cléber deu a idéia de continuar a trilha durante um tempo determinado e ver onde ela ia dar, ou então voltaríamos, o grupo todo resolveu acatar, arriscar e continuamos caminhando.
Deu mais do que certo! Chegamos num lugar lindo! Um dos locais mais altos do Parque Nacional da Chapada Diamantina e uma vista maravilhosa para a comunidade de Guiné! Encontramos um funcionário do parque que nos indicou o caminho para a Ruinha que faríamos no dia seguinte e de quebra ainda nos deu uma dica de um local muito legal para dormir, uma espécie de "toca" muito legal onde resolvemos curtir o belo por do sol (um dos mais bonitos que já vi até agora) e resolvemos dormir por ali mesmo! Por sorte não choveu e o céu estava extremamente claro e perfeitamente lindo! Foi um verdadeiro espetáculo da natureza, e que na verdade ocorre com bastante frequência, mas nós estamos ocupados demais com a nossa rotina pra notar.
De toda essa situação nasceu a frase que eu considero a alma da nossa expedição: Os imprevistos nos levam a lugares surpreendentes!

Pôr do sol visto da toca

3º dia de Trilha:
Acordamos cedo, mas a neblina era intensa, o que nos deixou com bastante preguiça, mas ainda sim conseguimos sair antes das 9 da manhã da toca. Pegamos a trilha que o funcionario do parque nos indicou e ela realmente estava certa! A trilha não tem grandes dificuldades, é bem plana e bem pisada. Tivemos apenas que atravessar alguns rios nessa "coisa" chamada pinguela, mas nada que desgaste ou seja extremamente perigoso.

Atravessando a Pinguela

A trilha tem basicamente o mesmo cenário que os Gerais do Vieira, mas como o principal rio que corre essa região é o Rio Preto, denominam esta parte de Gerais do Rio Preto. É uma trilha que o pessoal que decide fazer o Paty saindo de Guiné passa, por isso que é tão pisada e muito difícil alguém vai se perder lá. Além do que é muito mais rápido. Por exemplo, quem vem de Guiné pode comtemplar o Cachoeirão por cima no primeiro dia de trilha e dormir ou na Toca do Gavião, ou até mesmo na Ruinha dependendo do ritmo e do horario de saída pra trilha.
Chegamos ao mirante onde podemos ver essa vista excepcional! Da esquerda pra direita temos: Morro Branco, o Castelo e o Morro da Sobradinha.

Vista de cima do mirante

Daí poderíamos pegar o atalho para a Ruinha ou ir durante cerca de 3 a 4 horas até o Cachoeirão, nonosso ritmo. A nossa decisão foi a seguinte: não daria tempo de comtemplar o Cachoeirão por cima com mochilas nas costas, daí decidimos descer a Rampa, que é uma espécie de "atalho filho da puta" pra Ruinha. Você economiza tempo, mas a descida é bem dificil, principalmente pra fazer equipado, mas se você tem alguma experiencia de subida e descida em rocha não vai ser tão dificil. O nosso principal inimigo nessa descida foi a mochila de Deinha que passava dos 20kg... hahahahah, mas conseguimos vencer a descida em um pouco mais de uma hora.
Descendo a Rampa, viramos a esquerda e seguimos uma trilha bem leve e pisada até a Ruinha. A Ruinha é uma espécie de propriedade particular dentro do parque que, até onde conseguimos saber pertence a família do Seu João. Lá é possível acampar, dormir em cama ou armar somente o seu saco e isolante dentro de um alojamento que eles tem. Cada opção com um preço diferente. Acampamento 7 reais, saco de dormir no ponto de apoio 10 e 17 reais para dormir no colchão. Lá também é possível tomar banho, cozinhar, comprar mantimentos e até bebidas como coca cola, cerveja, vinho, entre outros, que são "resfriados" na fria água da Ruinha. É uma pena que as coisas tenham que ser tão caras, pois todo o transporte lá é complicado e feito com mulas.
Acampamento montado e barriga cheia, eu, Cleber, Lucas e Mari resolvemos ir até as quedas do Rio Funis, que por sinal são muito belas. Elas ficam bem perto da Ruinha e foi o melhor que a gente poderia ter feito, ja que o cachoeirão ficava muito longe e a gente realmente precisava de um bom banho de cachoeira! Daí, dá-lhe Funis! A seguir algumas fotos das quedas que contemplamos no 3º dia de caminhada:

Algumas quedas do Rio Funis

4º dia de Trilha:
Finalmente chegava o esperado dia do Cachoeirão por cima! Em agosto, na Expedição Diamante Bruto, tentamos chegar ao Cachoeirão por cima em 1 dia, mas não deu certo. Agora não tinha jeito, chegou a hora!
Deinha estava muito cansada e resolveu descansar tanto no dia anterior como em todo o 4º dia de trilha. Então saímos Eu, Mari, Lucas e Cleber para contemplar o Cachoeirão vendo-o de cima. A trilha pro Cachoeirão pode ser feita sem nenhum equipamento, apenas a alimentação que consumimos no percurso e água, daí o restante das coisas ficam no acampamento base, que no nosso caso foi a Ruinha.
Saímos pela manhã da Ruinha, seguimos uma trilha de muitos altos e baixos até contornarmos o Morro da Sobradinha, daí podemos ver a tão falada Toca do Gavião que é um lugar alternativo pra dormir na ida ao Cachoeirão. Até a toca do Gavião gastamos cerca de 2 horas e meia e depois mais 45 minutos até o Cachoeirão.
O Cachoeirão é realmente lindo! No inicio de um vale, o Vale do Rio Cachoeirão podemos observar várias quedas d'agua, todas lindas e muitas com mais de 200 metros de altura! É um visual muito exuberante e reza a lenda que em época de muita cheia pode-se observar até 70 quedas d'água ao mesmo tempo! No nosso dia podemos ver apenas cerca de 15 quedas, mas ainda sim é um dos visuais mais bonitos que meus olhos ja conseguiram ver! Podemos observar as quedas de dois mirantes diferentes, um na entrada da direita que é um mirante simples, e o que fica a esquerda. Nesse mirante tem uma rocha pontuda que a gente pode sentar lá e rende ótimas fotos e uma vista completamente diferente de tudo o que a gente pode imaginar! É extremamente lindo! Uma das vistas mais inesquecíveis da Chapada Diamantina!


Após contemplar toda a beleza exuberante do Cachoeirão, voltamos um pouco e decidimos tomar um banho relaxante no poço que o Rio Cachoeirão forma antes da queda. Apesar de gelada, vale muito a pena pra repor as energias antes da volta e o banho é muito bom! Vale a pena! Nesse poço aproveitamos pra comer alguns biscoitos e barras de cereais e ainda conhecemos algumas pessoas que também passavam por lá. É incrível como na Chapada Diamantina a maioria das pessoas estão muito abertas e interessadas em conversar, dividir experiencias e passar informações. É muito dificil ficar só por lá.




Banho no poço do Rio Cachoeirão

Voltamos bem tranquilos até a Ruinha, o caminho é o mesmo, mas resolvemos voltar por outra trilha e acabamos chegando bem cansados na Ruinha. A boa notícia é que Deinha tinha feito um bacalhau muito bom e quando chegamos lá fizemos o melhor almoço de toda a trilha! Ahhh, ainda aproveitamos pra tomar uma Coca-Cola que, apesar de estar apenas fria, desceu como uma das melhores que ja tomei!
Dessa vez podemos aproveitar a noite na Ruinha. André, que é um estudante de Geologia da UFBa, estava tocando violão e nos juntamos a ele e o pessoal que estava trilhando e cantando com ele. Foi boa música e ótima conversa durante toda a noite.

5º dia de Trilha:
Este, pra mim, foi o dia mais emocionante! A idéia era sair da Ruinha pela manhã, ir até a casa do seu Wilson, deixar as coisas lá, subir o Castelo, descer e acampar na prefeitura. Havia chovido na noite anterior, e muito, como de costume, então a trilha estava bastante escorregadia... resultado: muitos tombos, principalmente de Deinha! Infelizmente, num desses tombos Cléber passou a sentir o joelho e não pôde subir o Morro do Castelo.
Chegamos na casa do Seu Wilson, que é o ponto de apoio mais próximo do Castelo que a gente tinha ouvido falar. Lá pedimos pra encher os cantis e deixar as mochilas enquanto subiríamos o morro e uma das moradoras, como a maioria das pessoas da chapada, foi super gente fina e nos deixou guardar a mochila por lá sem nenhum custo. Sendo assim, eu e Lucas arrumamos as duas mochilas de ataque e Deinha, Mari e Cléber continuaram a rota até a Prefeitura. A trilha continuava durante mais uns 500 metros até uma "bifurcação": de um lado você atravessa o rio (que estava bem forte, por sinal) e segue rumo ao Castelo e do outro você continua até a Prefeitura. Eu e Lucas atravessamos e o resto do pessoal seguiu até a Prefeitura. Ja era cerca de 12:30 quando atravessamos o rio.

Atravessando o rio para subir o Castelo

Demoramos a achar o caminho certo para o Castelo, mas depois de pegar informação numa casa próxima ao morro, pegamos a direção correta. A subida é cansativa, mesmo com pouquíssima carga. É, basicamente uma "escalaminhada", hahaha. A umidade e o caminho quase que vertical em alguns pontos pelas rochas nos cansou durante a subida de cerca de uma hora e meia, mas enfim chegamos ao topo! O legal da subida é que a vegetação é formada por árvores bem altas, sendo assim é sombra durante todo o caminho. Conseguimos encontrar, no meio da subida, dois mirantes que valem a pena gastar cerca de 5 minutos pelo menos em um deles para apreciar a beleza e também para descansar! No topo do Castelo há uma caverna com uma bifurcação no meio do caminho, cada uma delas com uma vista muito linda de boa parte da trilha: de um lado dá pra ver os Gerais do Vieira (1º dia) e do outro o Vale do Paty, que é onde corre o Rio Paty e por onde seguimos no 6º dia de trilha até Andaraí.

Fotos na Caverna do Castelo

Descemos após todo o belo passeio pela Morro do Castelo, fizemos a descida em cerca de metade do tempo de subida e Lucas começou a sentir o joelho, mas continuou. Retornamos até a casa do seu Wilson e descansamos enquanto arrumávamos as mochilas cargueiras e ainda conhecemos uma família de americanos que tem casa em Lençóis e falavam um portugês até legal! Com tudo arrumado, seguimos até a Prefeitura. Você deve estar se perguntando: "Por que chamam aquele morro de Castelo?", bem, da Prefeitura, que é mais um ponto de apoio, vemos o porquê:

E não é que parece um castelo mesmo?

Chegamos no final da tarde à Prefeitura (com os pés encharcados devido a lama e a drenagem que tivemos que atravessar pra chega lá) e Mari mais uma vez cuidou muito bem da gente! Já tinha até janta nos esperando: arroz e almôndegas pra repor as proteínas!
A minha barraca e a de Lucas já estavam em estado de perda total e acabamos dormindo eu, Lucas, Mari e Deinha na barraca para 3 pessoas de Deinha! hahaha Cléber dormiu só no conforto da barraca dele! hahaha

6º dia de Trilha:
Amanhece na Prefeitura e é hora de ir pra casa! Desistimos de fazer o Cachoeirão por baixo e acordamos bem cedo, pois a caminhada até Andaraí seria muito cansativa!
Pegamos alguns choviscos, mas nada que nos fizesse parar! Inicialmente a trilha é bem fácil, apesar de toda a lama que temos que pisar, mas quando chegamos no inicio da subida da Ladeira do Império a coisa muda! São cerca de 3 horas de subida numa espécie de escada feita de pedras, provavelmente por escravos da época do diamante e/ou do café. Durante todo o trajeto até Andaraí a gente topa com grupos de pessoas que utilizam mulas para carregar mantimentos para as casas que ficam dentro do parque nacional. Coitada delas! A gente carrega cerca de 20kg e ja cansamos, imagina como essas coitadas não sofrem.
Terminamos a subida do Império e almoçamos logo no final dela. Barriga cheia e é hora de começar a descida até Andaraí! Todo mundo estava sentindo o cansaço de todos os dias de trilha e não víamos a hora de chegar na cidade! O ritmo estava lento e cada um procurava se isolar um pouco, ficar em silêncio e sentir um pouco de paz pra acalmar as dores do corpo. Durante boa parte da trilha caminhei só, assim como a maioria do grupo. Quando avistamos Andaraí a alegria era enorme! Ainda faltava muito, mas já tinha sinal de celular e pude ver algo ainda mais bonito: a emoção quando Mari e Cléber ligaram para suas famílias. A emoção de falar com quem se ama, está longe e faz dias que não há nenhum contato. Enfim chegamos a Andaraí, depois de muita andança (vamos "Andar aí" gente?), um pouco de sofrimento e dores no corpo, tínhamos cumprido a missão! E como dizem por aí, tudo termina em cerveja!

Chegamos a Andaraí!

Andaraí é uma cidade muito legal! As pessoas são bastante receptivas, a cidade é bem arrumada e muito bonita! Isso sem falar de que a cerveja no Bar do Kaká é bem gelada e bem barata! hahaha, Da próxima vez volto lá, com certeza!
O ônibos para Salvador sairia no dia seguinte e conseguimos abrigo com uma família muito legal! Passamos a noite em Andaraí e no dia seguinte, a tarde, já estávamos em Salvador eu, Mari e Deinha. Lucas e Cléber ainda permaneceram alguns dias antes de voltar pra casa.

Brinde no Bar do Kaká

Nossa família por uma noite!


Algumas pessoas me perguntam porque eu faço esse tipo de coisa. "Por que você se mete no mato por vários dias?", ou, "Qual a graça de andar tanto com tanto peso nas costas?", entre outras, mas aposto que muitas dessas nunca experimentaram a sensação de estar em contato com a natureza, a sensação de tomar um banho de cachoeira, ou mesmo a sensação de passar fome e sede, o que eu acho muito importante. Quando faço trilha, penso de uma forma muito mais simples e pura, sem influência dos "males" da cidade, sem influência de dinheiro, porque ele nada vale lá, sem influência de muita coisa ruim que me rodeia no dia a dia. É quando eu mais gosto de mim mesmo e das pessoas ao meu redor. É quando me sinto mais próximo da minha essência, quando me sinto mais animal e menos humano, e essa é uma sensação maravilhosa!
Não faço trilha apenas para ver belas paisagens. Faço trilha porque nela aprendo e cresço muito como pessoa! A Chapada Diamantina é muito bela, mas não são cachoeiras as coisas mais bonitas que eu vi nessa trilha. Durante os 6 dias de trilha eu vi uma menina de cerca de 1,55m se superar e vencer toda a caminhada com uma mochila de 90l, mesmo com todas as dificuldades. Vi a importância de trabalhar em grupo! Nosso amigo Lucas nos mostrou que sempre é possível dar um pouco mais de nós mesmos e ajudar o próximo e a gente se sente muito bem depois de fazer isso! Vi um cara um tanto egoísta aprender a trabalhar em grupo e pedir desculpa pelos erros que cometeu! Vi o amor de uma mãe dentro de uma amiga que conhecia há apenas 10 dias, enfim, coisas que não vemos todos os dias.
Essa foi a melhor trilha da minha vida e vai ficar marcado, de verdade! Muito obrigado a Cléber, Deinha, Mari e Lucas por tudo o que passamos! Foi muito bom conhecer vocês e todos os outros desde o Vale do Capão!

A Expedição Revelião continua, aguardem!
Os imprevistos nos levam a lugares surpreendentes! [Expedição Revelião]